A invenção

O amor é uma invenção do ódio para sair do ócio
Posso afirmar com meus dentes serrados
Seria arriscado provar
Provo, pois, pela madrugada
Tão triste e calada
Colorida por uma risada
Ao cair da noite, no dia depois.

O amor é uma invenção do ódio para sair do ócio
Nascedouro vermelho-escuro é o amor
Que bem lá no fundo esconde dureza
De pedra ondulada, quase amada por seu criador
O amor é uma réplica insana de um tiro de amor
Paro e vejo a cena diante dos meus olhos de mar
A se banhar em lágrimas salgadas

O amor é uma invenção do ódio para sair do ócio
Apenas aqueles que matam ou morrem por ódio
Amam o amor.


*Poema declamado no palco do Armazem 14, na peça de José Pimentel.

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