O Matador.

Certa vez, senhora que me escuta, disse coisas assim como a senhora acaba de dizer. De repente, as palavras deslizam de um lugar onde não sabíamos que existia dentro de nós. Mas não por impulso, não por um desejo involuntário. As palavras, dessas que estou falando, saem conscientes e sinceras, após um longo tempo jardim.

Sim, eram do meu filho. Ele tremia de maneira que não podia controlar. O frio nos castigava havia horas. Aquela velha casa não ajudava muito e meus pés não sabiam o que fazer. Maldita hora que resolvi ser atencioso. De que ri, minha senhora? Acha-me incapaz de ser bondoso? Pois atenção não é bondade? E aquelas palavras? Não foram boas? Direi. Sim, alto.

A sensação de inverno era das piores. Chuva? Sim, mas trovões e raios que nunca vi nos meus tempo de sol ardente. Houve momentos, senhora a sorrir, que de tanto meu filho tremer, tremia meus pés e meu corpo por vez. Já não sabia se de frio ou de medo. E entre um trovão e outro, um clarão e outro que tudo escurecia, sorri como a senhora o faz nesse instante e disse mais a mim mesmo que ao meu filho:

“Ouça que belas palavras desenha o céu em seus ouvidos. Feche os olhos. Escute. Abra os olhos. Veja o céu sem boca que tem algo a dizer. ‘Respire’, ele diz. ‘Respire’.”

Acordamos, senhora que chora, no outro dia. Sonhei que tívemos eu e meu filho um ótimo final de semana naquela velha casa.

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