Confissões de Rosemary I

Minha vida às vezes parece uma cena de filme cuja trilha sonora é uma sonata triste. Sempre sobra a taça, o cigarro e eu mesma na mesa. Atrás da cortina de fumaça que paira no ar, vejo os olhares observadores pousados sobre mim. Me sinto frágil vendo casais felizes e amigos barulhentos com tanto pra compartilhar, enquanto eu estou ali, preenchendo sozinha o meu vazio. Tentei falar com ele, just one million times, somente para ouvir a mesma mensagem: deixe o seu recado. E fui ficando ali, me alimentando de outras alegrias e segurando as lágrimas que teimavam em estragar a minha maquiagem.
Não pensei em pedir socorro, só queria ficar ali, imaginando como seria se ele aparecesse e olhava insistentemente para a entrada do restaurante, como se a qualquer momento pudesse ter uma surpresa. Pedi o jantar sozinha, tomei o espumante sozinha, fumei todos os cigarros sozinha e voltei para casa sozinha novamente. O ritual que fiz horas antes, refiz ao contrário, até me encontrar despida na frente do espelho e lembrar de Teresa.

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