Meio Ambiente

Entrando no assunto do momento (Aquecimento Global), vem a pergunta: quem é o verdadeiro culpado? E aí vem um texto muito bom do Observatório da Imprensa, de Alberto Dines. E esse sim vale a pena ler, porque é construtivo. Não é um Fantástico da vida que faz uma grande e belíssima produção que só faz assustar o povo!

"(...) O Pólo Norte vai desaparecer, o mar vai subir, ondas de calor e enchentes vão aumentar. A culpa não é só do megavilão George W. Bush Jr., que se recusou a assinar o Protocolo de Kyoto, a culpa não é apenas de Ahmadinejad, Chávez e da camarilha dos petrodéspotas preocupados apenas em oferecer emissões de dióxido de carbono a preços acessíveis. A culpa é da Rússia, da China, dos pastores de cabras e criadores de zebus, dos desmatadores da Amazônia e destruidores das encostas, a culpa é dos emergentes e submergentes. (...)
A mídia também está no banco dos réus, ocupa posição privilegiada no esquema de culpas concêntricas que provocou o aquecimento do planeta. Seus alertas foram débeis – pífios é a palavra apropriada – seus apelos e convocações foram burocráticos e seu compromisso educativo vem sendo progressivamente pisoteado ao longo das duas últimas décadas. Justamente quando a degradação ambiental chegou ao paroxismo.
A própria mídia está sendo palco de um confronto entre puristas (que apostam no conteúdo e nos seus compromissos originais) e os eufóricos (fascinados com avanços tecnológicos e seus desdobramentos mercadológicos). Este confronto é na realidade a reprodução em pequeno formato do grande confronto entre ambientalistas e desenvolvimentistas.
Pressionada pelas maravilhosas invenções e as respectivas mudanças que acarretam, perdida no tumulto da velocidade, a mídia não consegue se encontrar. Não sabe a que veio. Segue as ondas, modas, senhas e, principalmente, a agenda imposta por interesses alheios aos seus. Agora vai encarar uma realidade que sempre disfarçou com os seus truques otimistas.
(...)
E quantos especialistas em meio ambiente temos na grande mídia? Onde são publicadas as suas preocupações, suas advertências e qual a periodicidade? Não há termo de comparação e, no entanto, o mundo está seriamente ameaçado por riscos meteorológicos e socioeconômicos dificilmente reversíveis causados pelas agressões à natureza – e, não, pelas agressões políticas ou ideológicas. (...)
Nossa mídia precisar esverdear ou, pelo menos, abrandar as cores da sua palheta. Dispensam-se as batas, batique, chinelos de couro cru, não é necessário trocar o look Hugo Boss pelo jeito hiponga. Basta a abrir-se à percepção ecológica. Antes de tudo, é preciso entender o significado da palavra ecologia, ciência que estuda a relação entre o homem e o meio ambiente. Depois disso, o resto é fácil. (...)"

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