Nasci da cinzenta madrugada
Bem como todos os dias a nascer
Hoje eu atravesso
A rua sem morrer.
Meu ano nasce agora
Bem como o próximo sonhado minuto
E já passou da hora
Da lua vencer a batalha.
Entrego-me sem opção
Ao doce prazer da navalha
Que corta minha face
E arranca os pêlos vividos.
Para os que virão
Seleciono os frutos caídos
Que amadureçam para todo o sempre
Mesmo que sempre a madrugada insista.
Não desespero por tantas felicidades
Somente recupero as vidas das cidades
Que habitam comigo e sobre mim
Não desespero assim.
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