A Crônica do Ovo Temperado (2ª versão. Melhor, mais atual e sem detalhes tão sórdidos)

Vou começar do começo.

Um dia, alguém me ensinou a fazer uma receita de ovo temperado. Além do ovo, podia-se jogar dentro da panela: tomate e seu extrato, cebola, orégano, palmito e assim por diante. Eu logo me viciei e fazia toda semana...
Me lembro como hoje, a última vez que fiz. Antes de hoje (07/11/2007).
Meu pai, minha irmã e eu estávamos em casa e eu resolvi fazer essa receita pro jantar do meu pai - o clima lá em casa não estava bom (brigas conjugais) - para amenizar a tensão vivida sob aquele teto. Ele elogiou e eu fiquei me sentindo a mestre cuca.
Uma determinada hora da noite, minha mãe chega e eles começam a discutir a relação. Enfim, se separaram de uma forma nem um pouco amigável (que não vale a pena citar aqui).
Passaram-se três anos. Mudei de colégio, aprendi mais sobre a vida, conheci novas pessoas, passei por diversas depressões (não por causa da separação, não mesmo), comecei e acabei namoros e etc, mas uma coisa me incomodava: eu poderia ter me traumatizado com diversas coisas e não me traumatizei. Por que eu não conseguia mais fazer o ovo temperado? Achei melhor deixar pra lá e continuei vivendo.
Certo dia, conversando com uma amiga, comentei com ela da minha receita traumatizante e nem eu mesma sei o motivo. Ela pediu para eu ensiná-la e eu, sem pestanejar, ensinei.
Não sei quanto tempo passou e eu recebi um scrap onde ela dizia que tinha feito a receita do ovo e que tinha ficado muito bom. Resolvi tentar também.
Entrou dia, saiu dia e eu esqueci de tentar superar meu trauma devido a diversos fatores que também não valem a pena serem citados.
Eu finalmente me mudei, arrumei minhas coisas. É... Eu tava me sentindo feliz. Um instinto de família me invadiu completamente e eu resolvi fazer o jantar. Quando minha chegou, eu estava preparando o meu trauma em forma de ovo. Começamos a conversar e eu relatei o meu dia de forma bem simples. Eu tinha brigado com um professor e com metade da minha turma por mais um motivo que não merece entrar na história. Ou seja, mostrei que não estava em perfeito equilíbrio.
É. Eu tava feliz. Até o momento em que ela me deu a ORDEM de dizer para o meu pai não parar o carro dele em frente à nossa casa porque ela não estava disposta a cruzar com ele. Eu disse no outro parágrafo que não estava em perfeito equilíbrio. Alterei a voz, soltei o verbo, vomitei toda a minha indigestão de 3 anos. Já dá pra imaginar o que aconteceu com o ovo e o meu trauma em forma de ovo.

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