Um dia, passeando pelo bosque,
vi uma árvore igual a mim.
Sentei e ficamos ali, parados;
ela imóvel e eu também.
Suas folhas voavam como meu cabelo
e só víamos pernas passageiras.
O dia parado me trazia as vozes
e a minha parecia extinta.
O tempo para nós não passava
e nós dois lá, idênticos;
ninguém sabia quem era quem.
Não demorou muito até que eu criasse raízes
mas minhas flores demoraram a aparecer
e não muito tarde, o outono as levou.
Me arrependi de ser árvore
e não parava de olhar pro céu
até que eu vi um pássaro que era igual a mim.

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