O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro (Releitura: Minha pessoa)

Se eu pudesse ser alguém além de mim e Jim Morrison, seria Fernando Pessoa. Por isso, eu resolvi tentar fazer uma releitura do I poema do livro de Alberto Caeiro: O Guardador de Rebanhos.

Eu nunca guardei rebanhos
Mas é como se os guardasse.
Minha alma não é como um pastor,
Mas como um cajado, que sente o chão
E segura o fraco corpo quando preciso.
Toda a paz da Natureza sem gente
Sussurra palavras incompreensíveis aos meus ouvidos
O meu corpo não é como um cajado,
Mas como um pastor que o rebanho assiste,
Sem alterar uma batida do coração.

Mas a minha tristeza é sossego,
Pois estou em minha inteira consciência.
Pobres daqueles que se deixam cegar
Pela inebriante luz do amor.

Para cada pingo de chuva que chora o céu,
Existem dez lágrimas presas de solidão.
Invade o meu ser um frenesi, e então,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva;
O corpo estremece ao frio
E a alma à culpa.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho
E mais próximo de mim.
É na poesia que tudo finda
E onde quero me findar
É na realidade colorida dos versos onde quero descansar os olhos.
É no verdadeiro entendimento sublime das palavras
Que estou disposto a me afogar.

Quando me sento a escrever versos
Não imagino o que escapará ao meu silêncio.
Escrevo meus versos num papel que está no meu pensamento,
Entôo cantilenas surdas em meu sorriso
E logo mais esqueço, me apago.
Me sinto um cajado em minhas próprias mãos
Quando minh'alma sucumbe à generosidade
Tão condenada por mim.
Não vejo nada além da linha do horizonte
E não escuto mais do que pensamentos altos e conversas banais.
Me permito sorrir vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que compartilham da minha loucura
E não enlouqueceram por fim.
Saúdo também os que não me compreendem e secretamente espero,
Que nunca venham a me compreender.

Saúdo-os e desejo-lhes sol
E chuva, quando a chuva é precisa
E desejo-lhes algo melhor do que ler os versos de um poeta sem lei
Mas se assim não quiserem,
Desejo apenas que ao lerem meus versos, pensem
Que eu sou qualquer coisa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
Que abrigou diversas gerações
E mesmo assim, não tem nada pra contar.



É realmente mais fácil escrever coisas bonitas, quando alguém já teve a disposição de pensar nelas pra você.

2 comentários:

  1. eu preciso de uma cronica nao um texto desse tamanhooooo!
    faz uma cronica menos aii por favor!
    obrigadaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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  2. poxa isso e o ke?
    tama no cuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

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