Nunca me acostumei amor, com sua estranha maneira de amar. De vigiar a fidelidade e não se deixar vigiar por ela.
No fundo, eu sabia quem tu eras, mas fechei meus olhos. Todo amor que me dedicaste foi brasa morna, onde ficava pra mim o trabalho de aquecê-la.
Parava a olhar-te nos olhos e a medir teu sorriso. Acreditava piamente em tuas palavras, de olhos fechados.
Passaram-se os anos e de brasa morna, teu amor caiu pra cinza leve, que com sopro do vento se espalha. Se espalhou de mim. Se espalhou pras outras.
Não podia mais fechar os olhos. O amor que eu te dedicava também já não era lá essas coisas. Nas minhas tempestades sentimentais, não via mais o clarão dos relâmpagos (luz que cegava-me), ouvia apenas os trovões te denunciando. Até que me decidi por esse momento.
Antes que tudo aconteça, queria dizer-te que não sei viver sem ti, mas eu amo mais ao meu amor do que a você. Poderia dar fim à minha vida, mas algo me faz pensar diferente. Eu sei que lá no fundo de mim ainda restam algumas fagulhas de amor. Acontece que ele não é mais seu. O que você faz alguém pode fazer melhor. Se você não foi capaz de transformar sua brasa em fogueira, ele pode. E já o fez.
Errado você pensar que tanto sofreria eu por ti. De fato aconteceu, mas passou. Bem rápido, feito água corrente.
É por isso querido, que quando voltares à tua casa encontrarás teus pertences em nossa varanda. Arrumei tuas malas com o carinho de sempre. Teus sapatos estão engraxados e teus livros, pegas depois. Um outro dia.
E as lembranças são todas suas. Pra mim, você foi apenas você.

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