Sobre Diógenes.

Não o prendi. Deixei-o falar com as mãos a todo instante. Eu sabia que o prender me traria certa sensação de aprisionar um inocente. Ele não tem culpa de ter sido criado assim, tão fraco e caótico. Mas de fraco e caótico passou a ser vivo, tão vivo que às vezes me olha com seus olhos confusos e sem esperança. Permito, então, sua mente vibrar sobre a minha e seu coração oco pulsar imitando o meu. Isso são só palavras mudas de um amador que fala do seu pseudônimo, por aqui muito comentado mais adiante.

É a eterna história de uma falsa assinatura que anseia em ser um heterônimo. É o irmão do sinônimo a buscar uma alma ausente. Diógenes é assim, falso-verdadeiro, morto-vivo, cadeia-liberdade, inimigo-protetor, nada-eu.

2 comentários:

  1. isso me lembra fernando pessoa, quando ele descreve seus heterônimos. e assim como eu admiro as obras de caeiro, eu admiro as obras de diógenes.

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  2. "uma falsa assinatura que anseia em ser um heterônimo."

    well... heterônimo... acho que eu teria um.

    o/

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