FALAS

Diógenes FALA I

Cadê? É tudo que eu pergunto.
Por onde? Caminha meu segundo.
Pra quê? Eu vivo num segundo?
Sem pressa? Arriscado.
Não interessa? Por que lês?

Diógenes FALA II

Num livre silêncio que o vento esfria
Numa montanha suspensa no alto dos meus dias
Uma nuvem entoa e canta em minha postura
Um brilho floresce e transforma à altura

Aves balançam com suas folhas cruas
Árvores voam sozinhas e nuas
Por entre a nuvem e a montanha
O silêncio fortalece a brisa estranha

Falo não por mim,
Falo por si mesmo em mim
Que respira ave avoadoras
Que avoar é só dormir.

Diógenes FALA III

És tu meu rei perdido?
És tu que me procura ao som do dia?
Perfurei teu sonho com o meu aturdido
Mas porque tu procurarias?

Neste meu bolso não há moeda
Não há ouro pra te dar
Vejo tua crueldade na queda
Que caístes em teu mar

Não me venhas a torturar
Meu punho desfalecido
Pra onde vou após te matar?
Como saber? Quando terá me concebido?

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