Semente

Vi um homem descascando seu rosto.

Ainda assim eu ria como um porca faminta disputando com seus filhotes o pequeno quadrante.

Um homem quadrante ciscava em seu próprio sangue ácido.

Ainda assim uma brisa me cheirava como todo meio dia o fazia.

Uma mão puxava-me os tendões, uma mão áspera e sem sentimento.

Ainda assim buscava um sentimento onde a razão não tem nome.

Vi tristes corpos queimando em paredes derretidas, suspensas pela noite.

Ainda assim burlei a solidão como se ela fosse minha.

A solidão não é minha, pensei.

Ainda assim continuei morto.

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